quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Pinhais e eucaliptais...

O principal objectivo do nosso projecto é dar a conhecer às pessoas a importância de mantermos as florestas nativas, e tendo em conta o estado actual dos nossos ecossistemas, recuperá-las.
Os dois textos que se seguem mostram essa importância:
“Os eucaliptos foram trazidos da Austrália e da Tasmânia e têm tido preferência em relação às espécies nativas, já que se desenvolvem mais rapidamente e têm maior capacidade de regeneração.
De início, o objectivo de plantar eucaliptos era drenar terrenos pantanosos, devido a certas características desta espécie, mas rapidamente se descobriu que os eucaliptos poderiam ser bastante mais lucrativos no ramo da indústria de papel, sendo plantados até em terrenos férteis, indispensáveis à actividade agrícola.
Estes terrenos ficam rapidamente degradados, não sendo possível restaurar no local as espécies nativas. Os eucaliptos também são pobres em termos de biodiversidade, identificando-se numa floresta nativa 700 casas de aves reprodutoras/km² e na de eucaliptos apenas 100, sendo o motivo o rápido crescimento das árvores para abate, que não dá tempo à instalação de uma comunidade.


Quanto aos pinheiros-bravos, apesar de serem uma espécie nativa, são plantados em excesso (são árvores de crescimento rápido), substituindo outras espécies nativas. Enquanto espécie pioneira da sucessão ecológica, pode ser utilizada na recuperação de solos pobres ou degradados, criando as condições necessárias para as espécies de maiores exigências. A regeneração natural de carvalhos sob o coberto do pinhal é aliás frequente em todo o país; no entanto, a prática mais comum é substituir o pinhal por novo pinhal, em vez de aproveitar a regeneração natural das quercíneas.
Os pinheiros-bravos são plantados devido à sua madeira, óptima para comercialização.
A introdução de espécies invasoras provoca não só a destruição dos habitats das espécies nativas, mas também a transmissão de doenças e a perda da variabilidade genética.”
http://pt.wikipedia.org/wiki/Floresta_portuguesa#Distribui.C3.A7.C3.A3o_das_esp.C3.A9cies

Além disso, os pinhais e eucaliptais têm características que os tornam mais vulneráveis aos incêndios:

Por Paulo Fernandes: "Porque arde com tanta intensidade e em tão grande extensão o pinhal e o eucaliptal nacionais? Porque regra geral constituem manchas extensas e contínuas, em estado de abandono ou sub-gestão, de espécies que produzem combustível de qualidade e em quantidade. Jorge Paiva ao referir-se à perigosidade do eucalipto dá no seu texto alguma ênfase ao contributo dos respectivos óleos e resinas, que culmina na frase “ … quando a madeira do eucalipto começa a arder, [os óleos] provocam a explosão dos troncos e respectiva ramada, lançando ramos incandescentes a grande distância”.



A composição química da vegetação é na verdade apenas um dos vários factores envolvidos, desempenhando um papel relativamente menor na propagação e intensidade do fogo.Vegetação com mais substâncias voláteis pode ser mais inflamável, mas este efeito é em muitas espécies anulado ou moderado por outros factores. Um exemplo evidente são espécies como a esteva ou o alecrim, que malgrado a sua composição química são bastante menos inflamáveis que o tojo, por exemplo. É então mais relevante considerar a combustibilidade, ou seja a libertação potencial de energia, conceito distinto do potencial de ignição, e que condiciona a severidade de um incêndio. Da biomassa disponível para arder – uma conjugação da quantidade existente com o seu teor de humidade, dimensão e posição relativamente ao fogo – e do seu arranjo espacial dependem essencialmente a severidade do fogo. Acontece que espécies razoavelmente produtivas e cuja biomassa morta é decomposta lentamente, como o são o pinheiro bravo e o eucalipto, acumulam combustível com rapidez e em quantidade, especialmente em ambiente mediterrâneo (onde a decomposição é já naturalmente lenta).A presença dos óleos e resinas na vegetação está usualmente associada a um maior poder calorífico. O eucalipto tem cerca de 21000 Joules por grama de poder calorífico, valor considerado relativamente moderado e algo abaixo de certas urzes (Erica arborea, por exemplo) que, sem substâncias voláteis na sua composição, se aproximam de 24000 Joules por grama.



As “explosões” a que Jorge Paiva se refere não são mais do que a inflamação dos gases libertados pela biomassa quando é aquecida. O eucalipto é exuberante em "explosões" porque é rico em voláteis, mas tal não acarreta necessariamente fogos mais intensos. Note-se que, contrariamente ao pinhal, raras vezes é o eucaliptal percorrido por fogo de copas, a não ser em plantações mais jovens e/ou em terreno muito declivoso. A inflamação dos gases leva ao envolvimento de mais biomassa na combustão, mas certamente não origina a explosão de troncos, que nem sequer ardem, a não ser que estejam mortos ou sejam bastante finos.Um factor que concorre em extremo grau para a ameaça colocada pelo eucalipto, e que dificulta sobremaneira o combate ao incêndio, são as características aerodinâmicas das folhas e cascas, que possibilitam os abundantes e conhecidos focos secundários a longa distância (500 a 1000 m). Em todo o caso valores modestos em comparação com os 20 a 30 km de "saltos de fogo" que estão documentados para certas espécies de eucaliptos, felizmente confinadas à Austrália. É este fenómeno que explica a generalizada prática Australiana de execução de fogo controlado em eucaliptal em grande escala, receita que aliás aplicam também ao pinheiro bravo, a fim de simultaneamente aumentar a facilidade de combate de um incêndio e reduzir o seu potencial de produção de focos secundários.Incêndios de grande intensidade provenientes de pinhais, eucaliptais e matos são usualmente facilmente extinguíveis e reduzem a sua severidade para níveis não letais ao entrarem em bosques caducifólios, devido à natureza do combustível dessas formações, aumento da humidade e redução do vento. Pode este efeito ser conseguido em pinhal e eucaliptal? Certamente, mas a obtenção de resultados práticos exigiria um esforço considerável de gestão de combustíveis e de silvicultura preventiva. O sucesso de uma estratégia deste tipo, no nosso País, está à partida limitado pela debilidade do combate a incêndios que, fatalmente, desperdiçaria essas oportunidades. E a sua implementação será na maioria das situações uma quimera, dada a escala espacial de intervenção que é requerida.

Engenheiro Florestal, Departamento Florestal, Universidade de Tras-os-Montes e Alto Douro”
http://ambio.blogspot.com/2006/01/eucaliptizao-e-vulnerabilidade-aos.html

Esperamos que o leitor tenha esclarecido as suas dúvidas com estas explicações. Caso ainda tenha dúvidas contacte-nos pelo nosso e-mail.

Sem comentários: